quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Rosalba espera ajuda do governo Dilma para governar


A mensagem anual da governadora Rosalba Ciarlini não trouxe o anúncio de novos projetos e voltou a uma temática já muito enfatizada pela atual gestão, que é a contabilidade da dívida deixada pela administração de Iberê Ferreira (PSB). Durante 50 minutos a governadora falou aos deputados estaduais. Um discurso longo, mas sem surpresas. Ela começou falando das dívidas do Estado e foi enfática ao afirmar que é necessário fazer um “saneamento das contas”. “A desordem nas finanças estaduais, de algum tempo para cá, deixou de ser um problema local, tornando-se objeto de preocupação nacional, notadamente em razão de seu cômputo no déficit público global”, comentou, ressaltando a punição do governo federal para quem ultrapassa o limite da Lei de Responsabilidade Fiscal.

fotos:aldair dantasGovernadora afirma que vai em busca de recursos financeiros para construir dois hospitaisGovernadora afirma que vai em busca de recursos financeiros para construir dois hospitais
“Chamo a atenção da Assembléia Legislativa para este ponto, anotando que a não participação da União em nossos projetos de investimento inviabiliza qualquer esforço na direção do desenvolvimento. Posso afirmar que os recursos federais devem estar presentes na quase totalidade de nossos programas, se não em todas as nossas ações voltadas para a infraestrutura e progresso econômico”, destacou a governadora.

A chefe do Executivo se estendeu muito no detalhamento das contas, mas foi sucinta ao falar de educação, saúde e segurança. Para educação anunciou concurso público para mais de 3 mil professores. No entanto, ponderou que antes de deflagrar o processo seletivo é preciso equilibrar as contas.

Para saúde destacou que já está buscando recursos federais para construção de um hospital na zona Oeste de Natal e um em Mossoró. Ela destacou que serão implantados programas de atenção especial à saúde da criança e da mulher, em parceria com os Municípios. “E pretendemos fazer mutirões para atender à grande demanda de ortopedia e traumatologia, saúde do homem, oftalmologia, e outras especializadas de demanda reprimida”, enalteceu.

Sobre a Copa do Mundo de 2014, ela voltou a afirmar que a gestão está fazendo todos os esforços para realizar a obra de 2014. A chefe do Executivo  lembrou que a administração está resolvendo as pendências deixadas pelo Governo passado para garantir a realização dos jogos de 2014. “O atual governo se deparou com um quadro de risco iminente, com obrigação imediata de honrar compromissos financeiros assumidos pelo Governo anterior com projetos e consultorias da ordem de R$ 7,1 milhões”, comentou.

bate-papo - » Rosalba Ciarlini governadora

“Privilégios não podem mais permanecer”

Como a senhora recebe essa manifestação dos servidores?

É muito justo o que eles falam. Estão tão indignados porque essa situação foi criada pelo governo anterior e eles estão sentindo na pele. Nós estamos estudando, analisando, tentando encontrar caminhos porque, na realidade, queremos que o Estado seja equilibrado financeiramente, eficiente nas respostas ao atendimento à população. Mas infelizmente ninguém tem uma varinha de condão. Têm privilégios que não podem mais permanecer.

A senhora fala em privilégios se referindo ao Itep?

O Itep pagava R$ 1 milhão por mês para plantões. Pessoas que nem estavam no Itep recebiam plantão. E tinham algumas atividades que não eram necessárias no plantão. O diretor (do Itep) está fazendo uma organização no serviço para que a gente possa realmente administrar. Infelizmente é difícil porque ninguém faz omelete sem quebrar ovos.

Mas os servidores do Itep afirmam que foram reduzidos os pagamentos?

Estamos fazendo a reorganização dessas questões. A questão dele (do Itep) é plantão. Não é salário. Está tudo em dia. Agora os plantões é que eram de todos (os servidores). Todo funcionário tinha plantão com adicional noturno. O Itep tinha tanto dinheiro para plantão e só tem uma geladeira, inclusive com defeito.

E o que a senhora tem a dizer para os servidores do Meios que estão com salários atrasados?

Estamos vendo juridicamente como serão repassados os recursos que não foram pagos desde outubro para que os servidores possam receber os seus salários. Estamos já tentando equacionar isso para eles receberem os atrasados. Mas estamos estudando também como não renovar o convênio.

Então o Governo irá cancelar o convênio com o Meios?

A intenção é essa. Quando havia esses convênios tinham as creches que hoje foram todas absorvidas pelo Fundeb. A assistência à terceira idade é do municípios. O Restaurante Popular está com a Sethas.

Deputados criticam mensagem

A mensagem da governadora Rosalba Ciarlini gerou uma dupla interpretação na Assembleia Legislativa. Os parlamentares da bancada da situação elogiaram o tom do discurso, ressaltando a delicada situação financeira do Estado. Já os oposicionistas apontaram que a chefe do Executivo não trouxe nenhum programa novo, a não ser os que estavam sendo executados pela gestão passada. O deputado Gustavo Carvalho (PSB) disse que a tônica do discurso da governadora traz preocupação por não ter nenhum programa novo. “Nos deixa preocupados por notar que o Governo não tem nenhum programa novo. Não teve nenhum projeto novo anunciado”, frisou.

O deputado estadual Fernando Mineiro (PT) disse que “foram 22 páginas (do discurso) de olho no retrovisor e citações e projetos do governo passado”. “Não vi nenhuma relação de obra nova e ação que tenha a marca do atual governo. As principais ações são herdadas do Governo Rosalba são herdadas do Governo passado”, completou o petista.

protesto

Desde o início da tarde de ontem os manifestantes se posicionaram em frente ao prédio da Assembleia Legislativa. Os protestos impediram a governadora Rosalba Ciarlini de entrar pela porta da frente do Palácio José Augusto, sede da Assembleia. Com os ânimos acirrados, os servidores que participavam da manifestação foram impedidos de entrar na Casa e a entrada foi liberada apenas faltando poucos minutos para a sessão começar.

Mesmo em meio aos protestos, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ricardo Motta, ainda fez a tradicional revista as tropas da Polícia Militar, em frente ao Palácio José Augusto.

O movimento dos servidores obrigou o cerimonial da Assembleia a mudar a estratégia. Estava previsto que a governadora iria entrar no Legislativo pela porta da frente. No entanto, ela teve que ingressar por uma saída lateral.

Quando foi anunciada no plenário a governadora enfrentou vaias dos servidores. Coube ao presidente da Casa, Ricardo Motta, informar que a platéia “estava proibida de se manifestar”.

Manifestantes reclamam de atrasos no pagamento e cortes

Uma manifestação realizada em frente à Assembleia Legislativa por cinco categorias de servidores, marcou a tarde de ontem. A multidão formada por funcionários do Instituto Técnico-Científico de Polícia (Itep), agentes penitenciários, aprovados no concurso para a Polícia Civil, funcionários do Meios e representantes da Associação dos Cabos e Soldados vaiou a passagem do presidente da Assembléia Legislativa, Ricardo Motta.

Para a presidente do Sindicato da Polícia Civil (Sinpol) Wilma Marinho, o governo não deveria ter cortado o salário dos funcionários do Itep. “Se ela acredita que existem “fantasmas” deveria ter feito uma auditoria, mas não cortar os salário. Eles receberam apenas 30% do salário e não existe garantias de que vão receber o pagamento este mês”, lamenta a sindicalista.  

De acordo com o diretor do Sinpol Erivan Fernandes, os funcionários do Itep estão “passando fome” com o corte salarial. “O governo deve acabar com o cabide de emprego. O prefeito de Santo Antônio do Salto da Onça tem funcionário dentro do Itep. O prefeito de Alexandria também. Precisamos da implantação do estatuto do Itep, mas não agir desta forma. Muita gente trabalhou corretamente e não está recebendo também”, afirmou.    

Milena Carla Silveira, 22 anos trabalha no Meios há nove anos. Educadora, ela está grávida de sete meses e trabalha na creche estadual Júlia Borges, no bairro Paredões, em Mossoró. “Estou sem salário e sem perspectiva. Não quero que meu filho nasça nesta situação. Queremos o  salário que é nosso de direito”, afirmou.

A educadora Kerlia Alves, 33, é funcionária da creche CSU – São Antônio, também localizada em Mossoró. Ela se mostrou indignada. “Recebemos um salário de R$ 510 e ainda assim está atrasado. Esse problema começou na gestão passada e ainda estamos enfrentando esta humilhação. As contas estão chegando em casa. Está tudo atrasado e não temos perspectiva de quando iremos receber. O governo precisa se sensibilizar com a nossa situação”.

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