domingo, 3 de fevereiro de 2013

CONEXÃO VERDE: REDUZIR GASES-ESTUFA EVITARIA SECAS E ENCHENTES, REVELA ESTUDO



Milhões de pessoas podem ser poupadas de secas e enchentes até 2050 se houver uma redução das emissões de gases do efeito estufa a partir de 2016 em vez de 2030, de acordo com estudo científico publicado neste fim de semana na revista "Nature Climate Change".
Especialistas britânicos e alemães explicaram que a redução imediata nas emissões poderia retardar alguns impactos por décadas e prevenir outros por completo.
Em 2050, um planeta se encaminhando para um aquecimento entre 2º C e 2,5º C, pode ter em 2100 duas possibilidades muito distintas, dependendo do caminho que se tome para chegar até lá.
Chaminé de indústria na China (Foto: JF Creative / Image Source / AFP)
Políticas que reduzam as emissões de carbono em 5% por ano até 2016 poupariam a exposição de até 68 milhões de pessoas a um maior risco de escassez de água em 2050, segundo Nigel Arnell da Universidade de Reading, do Reino Unido. Esse seria o melhor cenário possível.
Por outro lado, se as emissões caírem 5% anualmente a partir de 2030, o número de pessoas que escapariam desse risco ficaria entre 17 milhões e 48 milhões.
No cenário da redução a partir de 2016, entre 100 milhões e 161 milhões de pessoas poderiam ser poupadas de inundações. Já no cenário de 2030, o número de pessoas que se livrariam de enchentes ficaria entre 52 milhões e 120 milhões, indicou Arnell, diretor do Instituto Walker de mudanças climáticas da universidade britânica.
"Basicamente, em 2050, a política de 2030 teria entre metade e dois terços dos benefícios da melhor política (2016)", embora ambas apontem para uma mudança de temperatura similar, com elevações entre 2º C e 2,5º C em 2100. "Você pode atingir o mesmo ponto (de temperatura) no fim do século, mas os danos causados no caminho até esse ponto podem ser muito diferentes", complementa.
Sem redução de emissões = cenário trágico
Em um cenário sem restrições nas emissões, as temperaturas poderiam aumentar entre 4º C e 5,5º C, de acordo com a pesquisa. Com uma média de aquecimento global de 4º C, cerca de um bilhão de pessoas poderiam ter menos água em 2100 do que têm hoje, e 330 milhões poderiam ser submetidas a grande risco de enchentes.
Uma redução nas emissões em 2016 parece improvável, com as nações buscando adotar um novo pacto global sobre o clima em 2015 para entrar em vigor até cinco anos depois.
A última rodada das Nações Unidas de debates sobre o clima em Doha, no Qatar, em dezembro, fracassou na tentativa de impor antes de 2020 cortes nas emissões de países que não haviam assinado o Protocolo de Kyoto, ainda que cientistas tenham alertado que a concentração de carbono na atmosfera continua aumentando. Três dos quatro maiores poluidores do mundo - China, Estados Unidos e Índia - estão entre os que não se comprometeram a limitar as emissões.
Diversos pesquisadores acreditam que a Terra terá um aquecimento muito além dos 2º C da meta da ONU em níveis pré-industriais. "Claro que reduzir a emissão de gases-estufa não vai impedir por completo os impactos do aquecimento global, mas nossa pesquisa pode dar tempo para a elaboração de prédios, sistemas de transporte e de agricultura melhor adaptados às mudanças climáticas", disse Arnell.

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