quarta-feira, 14 de dezembro de 2011


O consumo de bebida alcoólica produz, além dos efeitos físicos visíveis – como euforia, perda de reflexos, falta de coordenação ou sonolência, em alguns casos –, uma série de reações químicas e metabólicas no organismo.
Tudo começa no estômago, que recebe a bebida, absorve parte da água e manda o restante para o intestino. O álcool (etanol) vai para o fígado, que o transforma em outra substância (acetaldeído), enviada então para os rins. Estes, por sua vez, encaminham o produto do álcool para a bexiga, onde ele será excretado.
Fases da bebidaSintomas
PrimeiraEuforia
Sensação de liberdade
Falta de coordenação motora
Reflexos mais lentos
SegundaSonolência
Lentidão
Falta de coordenação motora mais acentuada
Reflexos ainda mais lentos
TerceiraMal-estar
Náuseas e vômitos
Dor de cabeça
ÓrgãoEfeito da bebida
Estômago e intestinoIrrita a mucosa e retira a camada de proteção

Pode levar a gastrite ou úlcera
CérebroTem ação tóxica e inibe os neurotransmissores

Pode causar tremores
Fígado e rinsCausa uma sobrecarga e destrói as células

Pode provocar cirrose
PâncreasDificulta o trabalho e provoca lesões

Pode dar pancreatite
CoraçãoDestrói as células

Pode desencadear hipertensão
SanguePode levar a anemia
Sistema reprodutorÉ capaz de causar alterações menstruais, infertilidade e impotência
Cerca de 90% do álcool ingerido é absorvido na primeira hora, mas a eliminação demora de 6 a 8 horas.
O corpo interpreta o álcool como se fosse açúcar, por conta das calorias (7 kcal por grama). Isso faz com que o pâncreas produza mais insulina para quebrar o açúcar no sangue. Assim, o nível de gicose diminui e a pessoa pode ter uma crise de hipoglicemia.
Segundo estatísticas americanas, a simples ingestão de dois copos de cerveja pode aumentar o tempo de reação (reflexo) de uma pessoa de 0,75 segundo para quase 2 segundos.
Ressaca
Banho gelado, café, água, açúcar, tudo vale na hora de curar a ressaca, cuja intensidade depende da capacidade do fígado de cada um.
A dor de cabeça pós-bebedeira, por exemplo, é efeito da vasodilatação. Isso porque o álcool se espalha no sangue até o cérebro e seu efeito pode causar edemas. Como forma de defesa, o corpo expande as veias cerebrais. Já o vômito ocorre porque o álcool irritou a mucosa do estômago.
Em dias de ressaca, as principais dicas do hepatologista Luiz Carneiro e da consultora Ana Escobar são: caminhar, para fazer com que o metabolismo se regule, e comer alimentos leves, como saladas, frutas e grelhados, para não dificultar a digestão e sobrecarregar os órgãos que trabalharam para processar o álcool.
 
Outra recomendação para casos de bebedeira (não de coma) é procurar combater os dois problemas do álcool: a queda de açúcar no sangue e a desidratação. Por isso, uma boa receita é ingerir um copo de água com 3 a 5 colheres de sopa de açúcar bem misturadas (diabéticos não devem fazer isso).
Também é importante não dormir de barriga para cima, para evitar o sufocamento no caso de vômito durante a noite.
Na hora de beber, nunca fique de barriga vazia e escolha bem o acompanhamento para não passar mal depois. Prefira: pães, antepastos (como de berinjela), batata frita e mandioca frita. Evite: frios (salame, presunto e mortadela) e linguiça acebolada.
No primeiro momento em que uma pessoa toma bebida alcoólica, o volume de líquido no corpo aumenta muito e dá uma falsa sensação de hidratação. Só que, na segunda etapa, o álcool causa uma diurese grande: a urina aumenta e pode desidratar.
Por isso, é importante estar hidratado quando beber (um copo de água para cada um de álcool) e ingerir muito líquido também no dia seguinte. Isso ajuda a eliminar pela urina as toxinas que restam no corpo.
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Coma alcoólico
O fígado tem uma reserva de glicose que funciona como uma espécie de tanque de energia alternativa. Quando alguém bebe em excesso, o álcool usa esse estoque. E o órgão não dói: os sintomas de problemas nele aparecem em outros lugares.
Como cada indivíduo tem um fígado diferente, com uma potência distinta, alguns conseguem metabolizar mais álcool que outros. E, quando o fígado não dá conta de quebrar as moléculas de álcool rápido o bastante para serem processadas, a pessoa pode entrar em coma alcoólico, resultado de uma queda acentuada da glicose no cérebro.
Se a pessoa suar frio, ficar tonta e chegar a perder a consciência, deve ser levada imediatamente a um pronto-socorro para receber glicose na veia.
De acordo com o médico Luiz Carneiro, os efeitos do álcool são cumulativos e, quanto maior o teor alcoólico de uma bebida, maiores são os prejuízos. Por isso, tomar um "porre" eventual pode fazer tão mal quanto ingerir doses moderadas diariamente. Uma taça de vinho diária, porém, pode trazer benefícios ao coração.
Lei Seca
A Lei Seca, que vale para todo o Brasil desde 2008, proíbe dirigir sob efeito do álcool. E não há limite seguro para beber e conduzir um veículo. Isso porque a absorção e metabolização do álcool dependem de diversos fatores, como sexo, peso e refeições naquele dia.
O que se sabe é que consumir uma lata de cerveja, ou uma taça de vinho, ou até uma dose de cachaça, vodca ou uísque, é o bastante para ser multado. Beber o equivalente a duas ou três doses e dirigir não é apenas infração: é crime de trânsito.
Conduzir um automóvel sob efeito de álcool (de 0,1 a 0,29 mg de álcool por litro de ar expelido dos pulmões) é considerado infração gravíssima, com multa de R$ 957,70, suspensão do direito de dirigir por 12 meses e retenção do veículo até a apresentação de condutor autorizado.
Dirigir embriagado (mais de 0,3 mg de álcool por litro de ar expelido dos pulmões) provoca as mesmas penas que a condição anterior, além de prisão de 6 meses a 3 anos, multa e suspensão ou proibição de obter a carteira habilitação.
Info álcool (Foto: Arte/G1)

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